A vida das mulheres nos garimpos da Amazônia é marcada por uma busca constante por sobrevivência em um cenário de violência, exploração sexual e pobreza. Em regiões como Itaituba, no Pará, as mulheres se arriscam no garimpo, trocando sexo por ouro em busca de uma vida melhor. No entanto, esse ambiente é repleto de riscos, não apenas pelas condições de trabalho, mas também pela violência brutal que as envolve. O caso de Raiele da Silva Santos, assassinada em 2023, é um trágico exemplo de como essas mulheres são expostas a graves violações de direitos.
Quando o corpo de Raiele da Silva Santos, de 26 anos, foi encontrado no Cuiú-Cuiú, um dos garimpos na zona rural de Itaituba, no sudoeste do Pará, ela já estava desaparecida havia três dias.
Ela foi encontrada já sem vida em seu quarto "em avançado estado de putrefação, seminua, com sinais de violência e possível estupro", segundo documento produzido à época pela polícia local.
Mãe de duas crianças, filha e neta de garimpeiros, encerrava ali uma vida toda no garimpo, onde ao longo dos anos trabalhou como cozinheira, garçonete e em cabarés.
No Cuiú-Cuiú, a 11 horas de viagem do centro urbano de Itaituba, ela morava havia cerca de quatro anos. Ainda assim, ninguém deu por sua falta até que o mau cheiro vindo de um dos quartos da vila garimpeira chamou a atenção de vizinhos.
"Sempre a gente via essa questão, de mulher ser morta em garimpo. Sempre teve isso", diz Railane da Silva Santos, de 34 anos e irmã mais velha de Raiele.
Um ano antes, Luciana do Nascimento, amiga de infância de Raiele, foi assassinada por um homem a pauladas enquanto trabalhava no local como prostituta, segundo documentos oficiais.
Os casos são exemplos extremos de uma rotina de violências a que mulheres em garimpos são submetidas.

de mulheres que buscam no garimpo um vida melhor, apesar dos riscos

Um problema difícil de quantificar e que ganhou escala ao longo da última década com a forte expansão da extração de minério na Amazônia, que fora do radar das autoridades e da população, que estão mais preocupados somente com a riqueza gerada pelo garimpo.
Atraídas pela promessa de riqueza em regiões carentes de outras oportunidades de trabalho bem remuneradas, milhares de mulheres arriscam suas vidas. E, enquanto a atividade de garimpo continua, também segue viva a atividade de prostituição e exploração sexual nestas áreas.
A exploração sexual e a prostituição:
Muitas mulheres, como Leide Dayane e Natalia Souza, buscam no garimpo uma forma rápida de ganhar dinheiro para sustentar suas famílias, frequentemente envolvendo-se na prostituição. A falta de oportunidades em suas regiões de origem e o endividamento pessoal são fatores que as empurram para esse cenário.

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Via BBC
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